
Profissionais de medicina, professores universitários e gestores municipais reuniram-se,em 5 de março, no Centro Administrativo São Sebastião (CASS), da prefeitura do Rio de Janeiro. Um espírito de festa perpassava o ambiente, num auditório cheio e na mesa pela nata de representantes da Atenção Básica à Saúde carioca.
Com a solenidade, iniciada pouco depois das 9 horas, deu-se início ao Programa de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade da Secretaria de Saúde e Defesa Civil (SMSDC), que, a cada ano, disponibilizará 60 vagas na especialidade.
Somadas às oferecidas pelas instituições parceiras, serão ao todo 98 profissionais que, a cada dois anos, estarão qualificando mais o Sistema Único de Saúde (SUS).
“É possível dar início agora ao programa de residência médica, pois ele resulta da grande ampliação da atenção básica no Rio de Janeiro, em opção clara pela Saúde da Família, de forma a que o Rio esteja participando de um sistema universal de saúde”, afirmou o subsecretário de Atenção Primária, Vigilância e Defesa Civil, Daniel Soranz.
Até 2009, por exemplo, no início da atual gestão, a população da capital fluminense podia contar, especialmente, com a atenção à saúde oferecida em urgências, emergências e hospitais, que recebiam, anualmente, 80% das verbas orçamentárias da saúde. Esses valores caíram para a metade devido à opção feita pelo desenvolvimento da atenção básica (AB) no município. A cobertura efetivada pela AB, que era de 3,5% (210 mil) dos 6 milhões de habitantes da capital, já atinge 28% e, até o fim de 2012, deve chegar a 35% (2,1 milhões).
Para chegar a esses números, houve ampliação da rede física, que cresceu de 120 para 180 Unidades Básicas de Saúde (UBS) – 140 das quais já informatizadas e interligadas, e contratação de pessoal para formar as 650 equipes de Saúde da Família existentes.
“Essa expansão excepcional trouxe a necessidade de qualificar a rede para o SUS, e a residência médica é o padrão-ouro de formação dentro da medicina, especialmente a de Família e Comunidade, para a qual contamos com a parceria da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC-RJ), com o Conselho Regional de Medicina (CREMERJ) e a academia”, considera o coordenador da Residência, Armando Henrique Norman. Segundo ele, “o Rio, hoje, está lotado de médicos, mas de outras especialidades, que vêm para trabalhar um ou dois anos enquanto se preparam para a residência que almejam, e daí quebram o vínculo com os usuários do sistema e a continuidade do cuidado”.
Atrativo
Os 60 estudantes aprovados no concurso da Secretaria de Saúde, mais os 38 oriundos das Universidades Federal e Estadual do RJ – UFRJ e UERJ, e da Escola Nacional de Saúde Pública, receberão bolsa do Pró-Residência, no valor de R$ 2.384,82, e um incentivo da SMSDC que leva os proventos mensais ao redor dos R$ 7 mil. As atividades práticas serão realizadas durante o dia nas Clínicas de Família (Unidades Básicas de Saúde) com a presença de preceptores pagos pela Secretaria. Já a formação teórica, de tutoria, será realizada no terceiro período e conduzida pelas instituições envolvidas, com seus alunos.
No caso dos vinculados à Secretaria de Saúde, será por meio do Observatório de Tecnologias em Informação e Comunicação em Sistemas e Serviços de Saúde (OTICS).
Muitos dos residentes vieram de outros Estados, como a baiana Joana de Jesus, que se mostra atraída pela visão integral do paciente, o contato continuado e a assistência que a medicina de Família e Comunidade proporciona. Henrique Lima, natural de Volta Redonda (RJ), considera que a MFC não limita tanto a formação como outras, pois permite que você participe de diferentes aspectos da vida do usuário que não veria em outras especializações.
“Temos o Pró-Residência pagando a vaga e a Secretaria de Saúde oferecendo o campo de estágio e o pagamento do preceptor, portanto apoio incondicional e infraestrutura adequada que nos permitiram entrar, pois, se tivéssemos que disponibilizar preceptor, não teríamos como participar. No entanto, realizamos um desejo de ter parceria com a Secretaria Municipal e ajudarmos no programa de expansão e qualificação da atenção básica no Rio de Janeiro”, afirmou Maria Inez Padula, representante da UERJ.
De acordo com o presidente da SBMFC – seção RJ, Oscarino Barreto, também mestre de cerimônia da abertura da residência médica, “é impactante sentir a evolução de algo pelo qual lutamos décadas acontecer em tão curto período de tempo, afinal a atenção básica sempre foi um pouco deixada de lado, apesar de ser a atenção à saúde mais importante”. A qualificação desses novos profissionais, segundo ele, permitirá que o Brasil aos poucos atinja os índices de resolutividade de países que já adotaram a atenção básica como ordenadora da rede.
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