Mordeu um bombom e, de repente, uma dor aguda fez
você parar de mastigar?
Postada em 10/03/2014
Nesse caso, marque uma
consulta com seu dentista o mais rápido possível. Você pode ter uma cárie e nem
se deu conta disso.
Cirurgiã Dentista Maria e Enfermeira Hellen da Equipe Bela Flor
Quando o tecido duro "amolece"
A cárie é uma
doença infectocontagiosa que pode surgir sobre a superfície dental por vários
fatores, como excesso de açúcar na
alimentação ou falta de uma higiene correta. É resultado da
desmineralização do esmalte e da dentina, os tecidos duros do dente
constituídos principalmente de minerais. Esses tecidos podem sofrer a ação de
substâncias ácidas que removem os minerais, e, por causa dessa ação, esmalte e
dentina perdem a dureza característica e vão ficando mais frágeis. Quando isso
acontece, é sinal que a cárie já se instalou em uma ou mais partes do dente.
INIMIGA INVISÍVEL
Mas, para que ela
aconteça, é necessária a presença abundante da placa bacteriana. Trata-se de
uma película incolor, constituída por bactérias e açúcares, que se adere nas
superfícies dos dentes. Na verdade, a presença da placa na cavidade bucal é
normal, até porque as bactérias que fazem parte dela vivem habitualmente na
boca. "Entretanto, quando ingerimos alimentos ricos em carboidratos e
açúcares fermentáveis, essas bactérias metabolizam os nutrientes, produzindo
substâncias ácidas. Estas, por sua vez, causam uma diminuição no pH do meio
bucal, tornando-o mais ácido. E é essa acidez que faz com que os tecidos duros
se desmineralizem, dando início ao processo de formação da cárie", explica
o cirurgião-dentista.
No início, apenas uma mancha
O primeiro sinal de que o esmalte está perdendo
seus minerais é o aparecimento de uma mancha esbranquiçada e opaca sobre sua
superfície. Nessa fase, o tratamento é simples. Basta fazer o controle da placa
bacteriana por meio de uma boa higienização, pela adequação da dieta com a
diminuição de ingestão de açúcares e por aplicações de flúor sobre os dentes, realizadas
pelo dentista. Entretanto, se essa mancha não for controlada, a
desmineralização do esmalte progride até se formar uma cavidade que vai
aumentando até atingir a dentina. Esta é a segunda camada do dente (contando de
fora para dentro) e é menos dura que o esmalte. Portanto, quando atinge essa
estrutura, a cárie progride com maior rapidez por encontrar menos resistência.
Depois,
a dor
Quando ela acontece, é sinal de que o esmalte
já foi desmineralizado e o ataque ácido está localizado diretamente na dentina.
Ao contrário do esmalte, a dentina apresenta sensibilidade. É por isso que, ao
ser atingida pela cárie, a dentina reclama, principalmente quando a pessoa come
uma substância doce. Se não for removida, a cárie continua a avançar,
amolecendo a maior parte da dentina e chegando finalmente à polpa. Esta é o
tecido mole situado no interior do dente, no qual se encontram minúsculos vasos
e nervos. Em geral, o tratamento nessa fase se constitui na remoção da polpa e
a colocação de um material inerte em seu lugar. Nessa altura do campeonato, em
geral, o paciente está sofrendo com uma dor intensa que não passa nem com
analgésicos. Então, a única maneira de acabar com o problema é o tratamento de
canal.
Sob
controle
Mas, apesar de a placa estar sempre presente na boca - ela
começa a se formar cerca de cinco a dez minutos após a escovação -, a cárie não
deve ser encarada como uma fatalidade obrigatória e, sim, como uma doença
passível de ser controlada. É fácil evitá-la. Mas, para isso, é importante mexer
na dieta. Ou seja, quanto menos açúcar for ingerido, menor o risco de a cárie
se instalar. Depois, é fundamental controlar a formação da placa bacteriana. E
esse controle se faz com uma escovação adequada várias vezes ao dia,
principalmente depois das refeições. Vale a pena saber que, apesar de a placa
reiniciar sua formação rapidamente, é necessário um tempo bem maior para que as
substâncias ácidas comecem seu ataque. Por fim, outra maneira de evitar o
problema é com as aplicações de flúor realizadas pelo dentista. O flúor
existente nos cremes dentais também ajuda a proteger o esmalte contra a ação
dos ácidos.
Cuidados
desde a gestação
A prevenção da cárie deve começar já
na gravidez. A própria gestante precisa ter uma saúde bucal perfeita para
prevenir complicações. Existem pesquisas que demonstram uma relação entre parto
prematuro e presença de doenças periodontais (da gengiva) na gestante, causadas
também pela placa bacteriana. E a grávida pode, sim, ir ao dentista. Depois do
parto, a prevenção deve continuar e não ser deixada de lado até que surjam os
primeiros dentinhos do bebê: "Como a cárie é uma doença infectocontagiosa,
a mãe com doenças bucais transmite uma maior carga de microorganismos para seu
filho. Além disso, a mãe também não deve beijar a criança na boca, compartilhar
talheres ou assoprar sua comida para evitar a transmissão de bactérias",
avisa a cirurgiã-dentista.
Para
proteger o coração
Uma cárie não tratada pode ter conseqüências, mais ou menos
sérias, tanto para a boca quanto para a saúde em geral. "Quando há perda
de um dente, pode haver dificuldade na mastigação, na fala, além de a estética
ficar comprometida. Uma pessoa com dor não mastiga direito e, por isso, não
digere corretamente nem absorve os nutrientes como deveria", diz Carolina.
A falta de um dente também causa alterações na ATM (articulação
temporomandibular) apresentando dores de cabeça, de ouvido, no pescoço, alterações
posturais e bruxismo. "Não devemos esquecer que a polpa se comunica com
nosso sistema vascular. Então, as bactérias que a alcançam podem cair na
corrente sanguínea e circular pelo organismo todo. Se os microorganismos
atingem o músculo cardíaco, pode aparecer uma endocardite bacteriana, infecção
no endocárdio e nas válvulas cardíacas".
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