quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Leite materno: a importância da amamentação

Postado em 08/08/2013    


Entrevista com a enfermeira do CSEGSF Tania Brasil, que explica a importância da amamentação para os bebês e esclarece mitos e verdades sobre a prática.


Quando surgiram os grupos de apoio à mãe?
Tania Brasil: No Brasil, surgiram em 1980. A iniciativa foi da atriz Bibi Vogel, que teve sua filha na Argentina e manteve contato, dentro do hospital, com um grupo de apoio à amamentação, coordenado por pediatras. O grupo Amigas do Peito é o primeiro grupo de apoio de mães genuinamente brasileiro.

O objetivo foi a troca de experiências essencialmente entre mães e filhos, sem linguajar profissional, por meio das quais o saber científico se completa com o saber da prática, do afeto.

Conte um pouco da história da Semana Mundial de Amamentação.
Tania Brasil: A Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação (Waba, na sigla em inglês) criou, no ano de 1992, a Semana Mundial de Aleitamento Materno, para promover as metas da Declaração de Innocenti, que apresenta quatro objetivos:

- estabelecer um comitê nacional de coordenação da amamentação;

- implementar os dez passos para o sucesso da amamentação em todas as maternidades;

- implementar o Código Internacional de Comercialização dos Substitutos do Leite Materno e todas as resoluções relevantes da Assembleia Mundial de Saúde;

- adotar legislação que proteja a mulher que amamenta no trabalho.

A Semana é considerada como veículo para promoção da amamentação. Ocorre em 120 países e, oficialmente, é celebrada de 1 a 7/8. A Waba define, a cada ano, o tema a ser trabalhado na Semana, lançando materiais que são traduzidos em 14 idiomas. Entretanto, a data e o tema podem ser adaptados em cada país, a fim de que sejam obtidos mais e melhores resultados do evento.

Por que amamentar é tão importante?
Tania Brasil: Porque o leite materno é completo! Isso significa que, até os 6 meses de vida, o bebê não precisa de nenhum outro alimento (água, chá, suco ou outro leite). Após esse período, a amamentação deverá ser complementada com outros alimentos que serão introduzidos lentamente na alimentação do bebê, conforme a orientação do médico pediatra. Não há idade ideal para que o bebê deixe de ser amamentado, isso vai depender da vontade da mãe e do filho. O Ministério da Saúde preconiza que seja amamentado até os 2 anos ou mais. O leite materno funciona como uma verdadeira vacina, protegendo a criança de inúmeras doenças. Além disso, está sempre pronto e na temperatura ideal. Isso sem falar que a amamentação favorece um vínculo afetivo entre a mãe e o bebê. Crianças que se alimentam de leite materno têm menos risco de sofrer de doenças respiratórias, infecções urinárias e/ou diarreias (problemas que podem levar a internações e até à morte) e, no futuro, certamente, terão menos chance de desenvolver diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. São inúmeras as vantagens da amamentação para a criança, a mãe, a família e a sociedade em geral. O efeito mais dramático da amamentação se dá sobre a mortalidade infantil, graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno, que protegem contra infecções comuns em crianças.

Explique o que é ser uma unidade básica amiga de amamentação? Quais são os critérios para essa escolha e o que um centro de saúde precisa para se tornar uma amiga da amamentação?
Tania Brasil: As unidades básicas de saúde podem ser de vários tipos: centros de saúde, postos de saúde, unidades de saúde da família, policlínicas, unidades mistas etc. Essas unidades podem diferir em relação a tamanho, tipo e número de profissionais/pessoal de saúde envolvidos na assistência à saúde, população assistida, ações implementadas, grau de complexidade, adscrição da clientela. Independentemente dessas diferenças, qualquer unidade de saúde que preste atenção primária a gestantes, bebês e suas mães, desde que não esteja vinculada diretamente a um hospital e não realize partos, pode ser caracterizada como uma unidade básica de saúde que pode vir a se tornar uma unidade básica amiga da amamentação, ao cumprir os dez passos para o sucesso da amamentação.

A unidade de saúde é quem faz a opção de se tornar amiga da amamentação. Quando a gerência verifica que a unidade está cumprindo os dez passos, solicita à Secretaria de Estado de Saúde uma pré-avaliação. Caso cumpra 80% dos passos, solicitará a avaliação final.

Existem vários mitos e tabus que vão passando de geração para geração. O que um espaço de saúde pode fazer para interromper esse ciclo?
Tania Brasil: Na verdade, as unidades de saúde não têm a intenção de interromper esse ciclo. Sua missão, em geral, é a formação do profissional de saúde que está pautada pelo conhecimento acadêmico, que, em geral, não leva em conta o saber popular. A assistência à amamentação exige um diálogo entre o profissional de saúde e a mulher que articule dois saberes: o científico e o popular. O profissional de saúde deve procurar perceber a visão de mundo da mulher, reconhecer e aceitar seu conhecimento sobre o assunto, para melhor assisti-la, evitando o confronto de saberes ou atitudes.

Mito ou verdade: o aleitamento exclusivo pode servir como método contraceptivo?
Tania Brasil: Nem um, nem outro. A amenorreia lactacional é o método contraceptivo voltado para a amamentação. A amamentação é um importante meio para o espaçamento das gestações. Como método contraceptivo é 100% eficaz nas primeiras oito semanas pós-parto e tem 98% de eficácia até os seis meses pós-parto, desde que sejam cumpridas quatro condições: bebê menor de 6 meses, aleitamento materno exclusivo (em livre demanda), intervalo de até 4 horas dia/noite e mãe sem sangramento vaginal. Não é verdade dizer que mãe que amamenta exclusivamente não tem risco de nova gestação. Para isto acontecer, a mãe terá de seguir todos esses critérios.

(*Joyce Enzler é jornalista do Teias/Fiocruz)t

Um comentário:

  1. Amamentar até o 6º mês, no mínimo,muitas mulheres devem saber isso.

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